
Milkshake IPA: que p**** é essa?
Calma, o palavrão no título não quer dizer que a cerveja seja ruim merda, mas uma surpresa, como na primeira vez que ouvi dizer que existiam cervejas do estilo Milkshake IPA.
Sua história é recente, podemos dizer que ela começa em 2015, mas um fato curioso é que Jason Alström, co-fundador e escritor da BeerAdvocate, escreveu um review da cerveja HopHands (Tired Hands Brewing Company) onde disse que “cervejas com milkshake não são uma tendência e muito menos aceitáveis como estilos tradicionais ou mesmo modernos”, além da nota 2.74 de 5.

O tempo disse que ele se enganou, e como resposta a cervejaria criou outras cervejas do estilo, fazendo com que fabricantes seguissem a tendência.
As Milkshake IPAs podem não ser tradicionais, mas certamente são foram uma tendência e se mantiveram por um tempo. Na verdade, a “categoria” inspirou os cervejeiros a experimentarem cervejas com lactose, frutas, especiarias e adições de lúpulo de várias maneiras, algo na linha de Hazy/Juice IPA.
Ou seja, não se assuste caso você pedir uma IPa e ver que ela se parece com um sorvete cremoso, e resolver beber todo o copo!
Lactose, frutas, especiarias e outras coisas
Embora não seja oficial e não esteja no BJCP, podemos dizer que a Milkshake IPA é um sub-estilo da NE IPA, pois se assemelha, muito em algumas características.
Esse tipo de cerveja tem sua marca como a textura cremosa, corpo e opacidade a partir da adição de frutas, açúcares não fermentáveis e adjuntos como baunilha.
O principal ingrediente que diferencia essa de outras IPAs é a lactose, já os acréscimos de frutas e especiarias são um plus que ajudam a aumentar essa diferenciação entre uma NE IPA e uma Milkshake IPA.
Algumas cervejarias também adicionaram farinha de trigo para ferver suas cervejas, assim como nas receitas de fabricantes de milkshake. Mas é importante dizer que aveia, cevada em flocos e malte de trigo também são comuns, assim como maçã e outras adições ricas em pectina.
E como ela surgiu?
Se você é uma pessoa que gosta de saber detalhes da história, os próximos dois parágrafos podem ser interessantes.
Voltando um pouco em 2015, quando a cervejaria Omnipollo começou a se referir às cervejas em sua série Magic Numbers como “Smoothie IPAs” e foram criadas as cervejas Magic #411, Magic #4:21 e Magic #90000, todas elas com baunilha e lactose em sua receita.
Naquele mesmo ano, a Omnipollo se juntou à Tired Hands em uma IPA feita com aveia, trigo e lactose, fermentada em morangos e grãos de baunilha e lupulada com Mosaic e Citra, chamando a criação de “Milkshake” — e assim nasceu um estilo!
E não só o estilo, mas o movimento que foi acompanhado por cervejarias do mundo todo, pois a ideia de criar algo novo e brincar com os ingredientes simplesmente fascinou alguns cervejeiros.
Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume
É com essa frase escrita por William Shakespeare em Romeu e Julieta, onde Julieta compara Romeu a uma rosa dizendo que se ele não fosse chamado Romeu, ainda assim seria uma pessoa bonita e o amor de sua vida, podemos resumir a Milkshake IPA.
O seu nome não afeta muito o que ela realmente é, ela é diferente, mas nem tanto.
A diferença entre uma IPA com aveia, lactose, baunilha ou outro ingrediente principal pode ser muito tênue. Por exemplo, é improvável que exista uma Milkshake IPA sem lactose, já que a atribuição doce e cremosa do açúcar do leite é a característica desse tipo de cerveja. Mas a maioria das “smoothie IPAs”, que contém adição de frutas, também contém lactose.
Para muitos cervejeiros, esse tipo de cerveja representa uma evolução divertida do estilo NE IPA, mas para outros, é apenas uma outra forma de se fazer uma IPA.