
Mercado Cervejeiro: a realidade para o mestre-cervejeiro
Após apresentarmos o perfil destes profissionais, chegou a hora de mostrar as opções do mercado brasileiro. Com o curso técnico do Senac, em Vassouras, dominado por profissionais das grandes cervejarias, a maioria dos mestre-cervejeiros das micros busca formação no exterior. Ele deve se preparar para fazer tudo, desde cerveja à limpar a fábrica.

Alexandre Bazzo, proprietário e mestre-cervejeiro da Bamberg, em Votorantin, São Paulo, apresenta a realidade vista nas micro brasileiras, que sofre com a pesada carga tributária. “Acho que o ponto principal é enfrentar a realidade da pequena cervejaria. É inviável ficar criando vários departamentos dentro da empresa. O Mestre Cervejeiro vai ter que ser cervejeiro, algumas vezes limpar tanques e chão, carregar barris”, revela. “Temos que ter uma empresa enxuta, pra poder compensar o massacre que os impostos nos causam, nenhuma empresa sobrevive pagando 60% de imposto”.
Na Bamberg, ele tem mais quatro funcionários que participam da produção, formados lá mesmo. “Todos foram treinados aqui dentro, chegaram sem conhecimento nenhum sobre cerveja. Posso dizer que sabem fazer o protocolo que passei a eles, e precisariam de mais uns 5 anos pra eu poder dizer que já são cervejeiros”, explica Alexandre. Para ele, o mestre-cervejeiro de formação é um profissional caro, e que só é viável com uma escala mensal a partir de 50 mil litros mensais.

Cervejeiro da Colorado, de Ribeirão Preto, São Paulo, Patrick Zanello acredita que a remuneração do profissional pode variar bastante, de acordo com o tamanho da cervejaria e a posição. “Começando como estagiário, com horas reduzidas ou mesmo como ajudante de produção, a remuneração fica algo em torno de 700 reais por mês até uns 1500 reais, dependendo da qualificação da pessoa. Isso para iniciar. Eu acredito muito que o importante seja entrar nesse meio. Se a pessoa tiver interesse oportunidades para crescimento não faltam”. Há cerca de dois anos na Colorado, Patrick afirma que sua evolução na empresa se dá com o ritmo de crescimento dela. “De um lado, se trabalhar numa microcervejaria podemos ter algumas restrições que uma multinacional possa não ter, de outro a taxa de crescimento de uma micro é muito maior que em uma grande indústria”, completa Patrick Zanello.

Victor Marinho é um que aposta nesta porta de entrada. De produtor caseiro, ele se tornou cervejeiro junior da Cervejaria Nacional, na capital paulista. Victor já percebe a necessidade de se especializar e aprofundar os estudos fora do Brasil para crescer no mercado. “Na própria Cervejaria Nacional há um plano de carreira de médio-longo prazo. É uma oportunidade muito interessante que eu pretendo me dedicar bastante”, afirma.
Assim, a chave para se tornar um cervejeiro é tanto estudo e formação quanto experiência prática. Ou seja, é importante intensificar a produção de cerveja caseira e aproveitar a oportunidade que surgir para entrar no mercado, mesmo que o salário inicial ainda seja aquém do desejado. Com o crescimento do setor, a tendência é que novas vagas se abram e haja maior possibilidade de crescimento. Patrick Zanello deixa uma dica para quem quer se tornar, como ele, um cervejeiro: “Ainda hoje, com todo a correria que tenho aqui na Colorado, tento sempre, mesmo nos fins de semana, fazer uma cerveja na panela, variando em estilos, variando os ingredientes, sempre buscando alguma coisa nova. E o estudo nunca deve cessar”.
5 de abril de 2012 às 10:51
Estudar, estudar, estudar.
Lavar, lavar, lavar.
Infelizmente o governo só tem sujado, nem o centro do governo federal está atento. Seria menos difícil aprender e se transformar num bom cervejeiro e gerar mais renda local, até viver melhor que é objetivo de qualquer pessoa, se a corja instalada na câmara dos deputados fosse menos inútil.
No mais é juntar matérias de sites, declarações de cervejeiros engajados como o Alexandre, estudar e continuar lavando panelas e garrafas, torcendo e abrindo a boca na esperança que não piore e se possível comece a se reverter esse descaso e idiotice na tratativa de nano e microcervejarias.
5 de abril de 2012 às 13:13
Meu caro, essa série tá show!
Ando buscando opções de formação – sommelier e cervejeiro –
tanto dentro quanto fora do país. Espero que esse tema esteja na pauta! Se não, fica a dica.
Abs
6 de abril de 2012 às 22:10
Nossa, tinha uma visao muito diferente do mercado para um mestre cervejeiro , estudante de tecnologia em alimenos, mas se é assim vamos a luta … em busca de um sonho!!!
Muito boa a materia !!!
abs
7 de abril de 2012 às 9:32
Paulo, esta formação é de fato um bom caminho. Apenas focamos no lado cervejeiro em si, e no mercado, e não tanto na formação acadêmica. Quando focamos em micro-cervejarias, as coisa mudam um pouco de figura. Talvez para trabalhar numa mega-cervejaria, este tipo de formação seja indispensável.
abs
8 de abril de 2012 às 13:57
Caros amigos cervejeiros artesanais
Compartilho o extase de fazer uma cerveja caseira; a complexidade quimica das receitas, alquimia pura. Meu irmão e eu fizemos cervejas artesanais a dois anos e meio. Cada brassagem é uma nova descoberta e uma maneira impar de fazer amigos. Não desistamos de nosso objetivo, sejamos guerreiros, pois estamos no caminho certo. A Cervejaria Artesanal Emmanuel (vide facebook) está a disposição para aprender e compartilhar informações, assim como nossa confraria em Lajeado/RS – Ratzbier Stammtisch. Um abraço aos cervejeiros(as). Do amigo Sérgio Lieske