
Fatores que afetam a qualidade de sua Guinness
Quando se trata de Guinness, estamos falando a respeito de uma clássica Stout irlandesa, mundialmente conhecida por sua qualidade e tradicionalidade.
Minha primeira sensação ao ver um pint cheio de Guinness foi de admiração, ele traz uma uma sensação de paz, alívio. Não é lindo um pint de Guinness cheio?
Uma ótima apresentação com seu efeito cascata, coloração escura, formação de espuma e por aí vai. Mas a segunda sensação, depois de um gole, foi de: é só isso? Seco?
Mas calma lá cervejeiro, minha opinião mudou com o tempo.
Fato é que essa é uma cerveja que divide muitas opiniões — como podemos ver abaixo no Untapped — e é comum vermos opiniões divididas sobre elas.

Mas uma pergunta que realmente chama a atenção é se a cerveja tem um gosto melhor na Irlanda do que no resto do mundo.
Embora o embaixador da marca, Chris McClellan, diga que o maior mito em torno da Guinness não se trata disso, um mito, cientistas do Institute of Food Technologists dizem que sim, que a cerveja é melhor na Irlanda.
Isso não quer dizer que todas as Guinness servidas fora da Irlanda são ruins, mas que a qualidade de um litro de Guinness é determinada por alguns fatores relacionados ao armazenamento e também ao serviço da cerveja.
Por isso hoje faremos nossa parte e falaremos sobre os fatores que afetam a qualidade do seu pint de Guinness, para que as dúvidas sobre a qualidade da Guinness sejam sanadas e cervejeiro nenhum possa colocar defeito na cerveja — assim como eu fiz uma vez.
Limpeza das linha de chopp
Bares e restaurantes devem limpar suas linhas de distribuição a cada duas semanas, no mínimo. Se não fizerem isso, elas correm o risco de acumular fermento, bactérias e mofo, bem como “Pedra da cerveja”, uma mistura de cálcio e depósitos minerais que calcificam o canal e contribuem negativamente com gostos estranhos.
Se você (dono de bar) realmente quer oferecer a cerveja da melhor maneira possível, é preciso de muita atenção.
Não importa se você tem a melhor cerveja do mundo, se ela for colocada para circular em um sistema sujo, o único resultado será uma cerveja de merda.
Donos de cervejaria frequentemente se queixam a respeito da limpeza das torneiras de chopp, porque enviam uma cerveja perfeita para o consumo que é afetada por esse fator, causando uma experiência extremamente negativa para quem está bebendo, que associa isso a qualidade da cerveja.
Frescor da cerveja
Podemos dizer que a cerveja é como um pão ou qualquer outro alimento: quanto mais fresco, melhor. Uma boa rotação do barril é essencial para isso em bares, pois o primeiro barril a entrar deve ser o primeiro a sair.
Isso é verdade tanto para a Guinness quanto para todas as cervejas.
Temperatura ideal
A temperatura incorreta da saída da cerveja contribui para “mais de 90% dos problemas de correntes de ar que você enfrenta em um pub ou bar”, de acordo com Chriss McClellan. A Guinness deve ser servida a 3 graus, o que garante que não seja gaseificada.
No momento em que for entregue a um cliente, a temperatura estará entre 3 a 6 graus.
Mistura dos gases (N e CO2)
A Guinness Draught nasceu na década de 1950 depois que uma pequena equipe, liderada pelo matemático Michael Ash, inventou um sistema de dispensação para o Guinness chamado “nitrogênio”. (Antes disso, os proprietários de bares vendiam Guinness em temperatura ambiente que eles próprios engarrafavam direto de barris de madeira).
A mistura de 75% de nitrogênio e 25% de gás carbonico (CO2) é conhecida na indústria como “Gás Guinness”, e sem ele, não haveria cervejas de nitrogênio, ou seja, a pressão de saída necessária para criar o efeito cascata.
Você não pode servir a cerveja em nada além dessa mistura de gás, porque isso ajuda a equilibrar a pressão e otimizar o derramamento, e também dando o famoso efeito cascata, marca registrada da cerveja.
O copo ideal

Embora a Guinness tenha sua própria marca de copos, conhecidos como “Gravity Glass” ou simplesmente “o copo da Guinness”, podemos dizer que também funciona em um copo estilo tulipa.
O que realmente importa por aqui é a curvatura interna do copo, e não que ele seja da mesma marca da cerveja, ok?
A curvatura interna do copo em direção à borda deste fortalece a formação da cerveja e ajuda a fornecer a quantidade ideal de espuma, sendo cremosa e espessa, entre um a dois centímetros de acordo com especialistas.
Servir a cerveja
Servir uma Guinness é um processo lento, exigente, mas simples, podemos dizer que o resultado final é uma arte moderna das cervejas.

Se tratando de uma lata, ela deve estar em uma superfície plana e após abri-la espere um pouco, cerca de 10 segundos. Após isso gire o copo em 45º e sirva lentamente até a cerveja chegar no ¼ final do copo, ou se estiver usando um copo da Guinness, até o líquido tocar na arpa.
E por último, gire o copo e levante-o gradativamente até estar no ângulo de 180º, ou seja, em pé. Para uma boa espuma em forma de cúpula, a Guinness deve ser servida com orgulho e paixão, dizem os irlandeses.
Espero que você tenha gostado do conteúdo e que aprecie sua Guinness cada vez mais. E caso se interesse por cervejas Stout, sinta-se à vontade para ler nosso guia sobre o assunto.
11 de janeiro de 2021 às 12:24
Tem um detalhe de grafia no texto: onde se lê “gás carbono” acredito que a intenção fosse “gás carbônico”. Já bebi Guinness nos EUA, feita na fábrica de Nevada e ela tem uma adistringência esquisita… parece a Skol de SP
11 de janeiro de 2021 às 14:16
Valeu José, alguns detalhes passam batidos. E bom saber da sua experiência, ainda não pude beber fora do Brasil e há um bom tempo (pré pandemia) não vejo nos taps aqui da minha cidade.